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Edição 2017
Filmes
Ficha técnica:
Realizador: José Vieira
Argumento: José Vieira
Fotografia: José Vieira
Produtora: Kintop, Supersonic films
Argumento: José Vieira
Fotografia: José Vieira
Produtora: Kintop, Supersonic films
É uma estranha viagem a que traz de volta ao país da sua infância aqueles que partiram. Neste road-movie de apenas mil e quinhentos quilómetros, há a memória de uma ausência prolongada, a lembrança de viagens das quais não regressámos. É um périplo de interrogações sobre a relação que nos une ao país da nossa infância, aos que ficaram.
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Elenco:
Bruno Léonelli -
Título original:
L'île des Absents -
País:
Portugal, França -
Ano:
2016 - 62'
Ficha técnica:
Realizador: José Vieira
Argumento: José Vieira
Fotografia: José Vieira
Produtora: Kintop, Supersonic films
Argumento: José Vieira
Fotografia: José Vieira
Produtora: Kintop, Supersonic films
Realizador
José Vieira

Nascido em Oliveira de Frades, José Vieira parte para França em 1965, com sete anos de idade. A partir de 1985, impulsionado pelas transformações políticas em Portugal e pela pertença a movimentos de solidariedade com os imigrantes, realiza cerca de trinta documentários para a France 2, France 3, Cinquième e Arte, traçando o retrato da imigração em França com base na sua experiência pessoal e nas histórias individuais que foi conhecendo.
As enormes dificuldades sentidas pelos imigrantes portugueses - a vida nos bairros de lata, as burlas dos empregadores, a discriminação e o desprezo de que foram alvo - motivaram José Vieira a reconstituir uma memória colectiva e uma história comum a todas aquelas pessoas, independentemente da sua origem, explicando os motivos que as levaram a sair do seu país e a lutar por uma vida melhor.
As enormes dificuldades sentidas pelos imigrantes portugueses - a vida nos bairros de lata, as burlas dos empregadores, a discriminação e o desprezo de que foram alvo - motivaram José Vieira a reconstituir uma memória colectiva e uma história comum a todas aquelas pessoas, independentemente da sua origem, explicando os motivos que as levaram a sair do seu país e a lutar por uma vida melhor.
Comentário do realizador
Há a primeira viagem, a partida para a França e a chegada, numa manhã do inverno de 65, num cais da gare de Austerlitz em Paris. Tínhamos aí desembarcado, bruscamente estrangeiros, a caminho de uma vida melhor. Mas nós preferimos contar as peripécias das autênticas expedições que eram as primeiras partidas de férias à terra. Essas recordações, banhadas de verões cheios de sol, são mundos e maravilhas, postais e fotografias de férias, das viagens das quais eu não queria regressar.
É uma travessia que conta a ligação tão particular entre aquele que partiu e o lugar que deixou, que fala desse apego à terra da infância quando a deixamos brutalmente. Sempre me pergunto o que teria sido da minha vida se tivesse lá ficado. É uma viagem que vagabundeia no passado, que atravessa territórios imaginários da infância. Nessa transição para um mundo que desaparece, a procura de um país perdido, passa-nos pela cabeça tantas e tantas recordações que a memória cai por vezes no caos.
É uma sessão à porta fechada dentro de um carro, onde estamos sob a custódia da nossa memória, reféns do nosso passado. As lembranças inundam e, muitas vezes, uma enchente de emoções me submerge. Às vezes, passado e presente parecem unir-se, as rupturas apagam-se e uma nostalgia doce e reparadora atravessa esse périplo. Nesta concordância dos tempos, o trajecto torna-se uma ponte lançada entre o sonho e a realidade. Na estrada que nos conduz àquela que foi outrora a nossa terra prometida, quando o regresso era o nosso mito, passamos em revista os nossos sonhos de emigrantes devorados pela ausência.
Precisamos que cada viagem seja um milagre. Sem desejo e sem esse perpétuo apagamento da realidade e do tempo que passa provocado pela ausência, não há verdadeira viagem à terra da infância.
É uma travessia que conta a ligação tão particular entre aquele que partiu e o lugar que deixou, que fala desse apego à terra da infância quando a deixamos brutalmente. Sempre me pergunto o que teria sido da minha vida se tivesse lá ficado. É uma viagem que vagabundeia no passado, que atravessa territórios imaginários da infância. Nessa transição para um mundo que desaparece, a procura de um país perdido, passa-nos pela cabeça tantas e tantas recordações que a memória cai por vezes no caos.
É uma sessão à porta fechada dentro de um carro, onde estamos sob a custódia da nossa memória, reféns do nosso passado. As lembranças inundam e, muitas vezes, uma enchente de emoções me submerge. Às vezes, passado e presente parecem unir-se, as rupturas apagam-se e uma nostalgia doce e reparadora atravessa esse périplo. Nesta concordância dos tempos, o trajecto torna-se uma ponte lançada entre o sonho e a realidade. Na estrada que nos conduz àquela que foi outrora a nossa terra prometida, quando o regresso era o nosso mito, passamos em revista os nossos sonhos de emigrantes devorados pela ausência.
Precisamos que cada viagem seja um milagre. Sem desejo e sem esse perpétuo apagamento da realidade e do tempo que passa provocado pela ausência, não há verdadeira viagem à terra da infância.