Partir, fazer-se, regressar - é o sonho de todo o emigrante. Mas, ao longo do tempo, esse sonho é diluído pela imigração. E quando o dia do regresso chega, se é que chega, sucede uma segunda ruptura, uma readaptação ao país de origem, que já não é o mesmo de quando se partiu. José Vieira, que chegou a França ainda criança, nunca voltou a viver no seu Portugal natal e sabe que nunca irá regressar. O seu pai, por sua vez, voltou passado dezasseis anos. A sua história percorre o filme e faz eco de outros encontros, com Manuel, José Maria, Carolina e outros, cujo sonho do “grande regresso” se despedaçou no confronto com a amarga realidade. Estrangeiros no seu próprio país, procuram dar um sentido às suas vidas dispersas; assombrados pelo sofrimento difuso provocado por este desenraizamento que agora ritma o seu quotidiano, sobrevivem. Filmado em Super 8 e vídeo digital, o filme caminha entre o imaginário do emigrante e a realidade da imigração, entre desejos e limitações comuns a todos os exílios.